Por Prof. Mauricio dos Santos
O último dia 29 de agosto foi dedicado ao Dia de Combate ao Tabagismo no Brasil. Segundo dados de um inquérito domiciliar realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) em parceria com o Ministério da Saúde a prevalência de fumantes no Brasil variou de 12,9% a 25,2% (em homens 16,9% a 28,2% e em mulheres de 10% a 22,9%). Foram entrevistadas 23.457 pessoas, sendo 10.175 do sexo masculino e 13.282 do sexo feminino. Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo lideraram o ranking com 25,2%, 21,5%, 20,4% e 19,9%, respectivamente.
São mais de 4,9 milhões de mortes anuais no mundo, o que corresponde a 10 mil mortes por dia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que estas mortes chegarão a 10 milhões em 2030 (WHO,2003).
Para nós brasileiros e em especial os paulistas, uma nova lei, sancionada pelo governador em exercício, José Serra, proibiu o fumo de cigarros e similares dentro de ambientes fechados em todo o estado de São Paulo (Lei 13.541/2009 de 7 de maio de 2009). Esta lei já existe em outros países como na França e agora outros estados como Rio de Janeiro estão no mesmo caminho. ÓTIMO!!!
Sabemos que em muitos casos o hábito de fumar não é apenas uma opção de um estilo de vida e sim uma dependência química. Nestes casos, o auxílio de terapias para inibir e abolir a ingestão das mais de 4.500 substâncias nocivas ao organismo se faz necessário. Alguns métodos utilizam medicamentos, terapias em grupo e outras não farmacológicas. É o caso do exercício físico que tem se tornado um excelente aliado para inibir este mau hábito.
Uma pesquisa realizada na Escola de Esportes e Ciências da Saúde da Universidade de Exeter, no Reino Unido e publicada no Psychopharmacology, identificou que o exercício aeróbico é um forte aliado para reduzir a vontade de fumar. Esta pesquisa avaliou 10 fumantes (6 homens e 4 mulheres), com idade entre 18-50 anos de idade e que fumavam pelo menos 10 cigarros por dia durante os 2 últimos anos. O método utilizado foi muito interessante, pois avaliou imagens do cérebro com ressonância magnética funcional depois de 15 horas de abstinência de nicotina. Para analisar as áreas onde tinham maior ativação, os pesquisadores mostraram 30 imagens com pessoas fumando ou com cigarros nas mãos e 30 imagens neutras para se pudesse ser localizado tais áreas. De acordo com a vontade de fumar os avaliados indicavam em uma escala de 1 a 7, sendo o 1 quase sem vontade e 7 com vontade ao extremo. O protocolo de exercício baseou-se em 2 minutos de aquecimento e 10 minutos em uma bicicleta estacionária (Monark). A intensidade do exercício foi controlado pela escala de Borg, em que a percepção subjetiva de esforço variasse entre 11 a 13 de uma escala de 6 a 20. e monitorado por um frequencímetro para uma Fc de 136 bpm. Os avaliados não tinham acesso aos valores de freqüência cardíaca.
Os resultados demonstraram que o exercício aeróbico foi capaz de reduzir os locais de ativação, sinalizado anteriormente quando estimulados por figuras de fumantes. Estes resultados foram fortalecidos quando na escala de vontade de fumar os valores também foram reduzidos, saindo de 4,8 no momento pré, para 3,10 pós-exercício. Os resultados foram confrontados com um grupo controle.
Os mecanismos encontrados para este feito permanecem obscuros, mas a hipótese primária foi que o exercício físico aeróbico é capaz de induzir a maior secreção de alguns neurotransmissores como a dopamina, que induz a uma maior sensação de relaxamento e isto diminuiria a vontade de fumar.
Portanto, se você tem algum amigo ou familiar que esta com vontade de fumar, convide-o para dar uma voltinha de bicicleta ou uma caminhada.
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