quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Estilo de Vida e Câncer do Pâncreas

Por Prof. Mauricio dos Santos

Um estudo prospectivo do National Institutes of Health-AARP Diet and Health Study que tem uma representatividade de 450.416 pessoas, comparou a combinação de fatores de estilo saudável com o desenvolvimento de câncer do pâncreas.
Durante os 7,2 anos de acompanhamento, 1.057 pessoas (675 homens e 382 mulheres), com idade entre 50 a 71 anos desenvolveram câncer do pâncreas.
As combinações dos estilos de vida saudável analisados foram: não fumar, ingestão limitada de álcool, aderência à dieta do mediterrâneo, IMC (≥ 18 e < 25) e atividade física regular.
A distribuição entre 0 a 5 fatores de estilo de vida saudável foi de 1,5%, 10,7%, 27,8%, 31,3%, 21,1% e 7,6%. As mulheres obtiveram um score maior desses fatores quando comparado aos homens, 2,86 vs 2,81 (p<0,001), respectivamente.
Os resultados demonstraram que quanto maior é a combinação entre esses fatores menor é a chance de desenvolver este tipo de câncer. Esta redução foi de 58% quando as cinco combinações foram utilizadas e comparadas com o score zero.
Os autores concluem que a combinação desses fatores de estilo de vida saudável tem diretas implicações para a prevenção do câncer do pâncreas.
Referência
Jiao L et al. A combined healthy lifestyle score and risk of pancreatic cancer in a large coort study. Arch.Intern.Med. 2009; 169(8):764-770.

sábado, 19 de setembro de 2009

Redução dos Custos Ambulatoriais em Hipertensos Após Um Programa de Exercícios.

Por Mauricio dos Santos

A hipertensão arterial (HÁ)está associada a alterações metabólicas e hormonais e também é reconhecida como um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares. Segundo o DATASUS, de janeiro/2006 a março/2006 houve 2.768.540 internações, sendo 9,9% proveniente de doença cardiovascular e desta, 10,5% causada diretamente pela HÁ. O SUS gasta R$ 1.644,42 para uma internação por infarto do miocárdio, R$ 622,48 por acidente vascular encefálico, R$ 745,74 por insuficiência cardíaca e R$ 216,33 para crise hipertensiva. Em 2002 foram identificados 4,2 milhões de casos de hipertensão, ano em que o Ministério da Saúde implantou o Plano de Reorganização da Atenção a Hipertensão e Diabetes, com o objetivo de melhorar a assistência às pessoas com estas doenças. A despeito da grande variabilidade e disponibilidade dos agentes anti-hipertensivos, o tratamento farmacológico ainda apresenta baixa efetividade, principalmente devido à desinformação do paciente e aos efeitos colaterais, o que causa abandono do tratamento. Entre os tratamentos não farmacológicos o exercício físico tem se destacado por seu efeito hipotensor.
O objetivo deste estudo foi reunir informações sobre o custo do tratamento de pessoas com HÁ sob acompanhamento ambulatorial, em dois momentos distintos: doze meses antes de serem submetidas à rotina regular de exercícios físicos e doze meses após.
A pesquisa foi realizada na cidade de Bauru, São Paulo, no Núcleo de Saúde “Otavio Rasi”. Em 2003 foi criado o Programa Projeto Hipertensão, uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde e o Departamento de Educação Física da UNESP – Bauru. Este projeto atende cerca de 50 pacientes e somente 31 deles participaram da pesquisa.
A média de idade foi de 55 ± 10 anos, sendo 72% mulheres e 25,8% homens. A pressão arterial sistólica partiu de 135 ± 3 mmHg para 127 ± 2 mmHg (p<0,05) e a diastólica de 83 ± 2 mmHg para 80 ± 2 mmHg (p<0,05), nos primeiros quatro meses de intervenção, nos demais meses houver estabilização dos valores pressóricos. Entre os valores bioquímicos, somente glicemia de jejum apresentou valores significativos. Creatinina, colesterol total, LDL, VLDL, HDL triglicerídeos, hemoglobina, hematócrito, TSH, uréia, ácido úrico, cálcio, potássio, sódio e proteinúria não apresentaram valores significativos quando comparados com o início do estudo.
Os custos são apresentados para os 31 pacientes ou corrigidos para 100 pacientes para que permita estabelecer projeções.
Os resultados relacionados a consultas médicas e outros serviços mostraram redução de 28% dos custos. Exames laboratoriais uma economia de 45% e na distribuição de medicamentos ocorreu redução de 25%. No montante total houve uma economia de 35,8% em um ano de prática regular de exercícios físicos, com projeção de R$ 28.886,68/ 100 pacients.
Os autores concluem que, a implantação de programas de exercícios físicos são importantes para reduzir os gastos com pacientes em hipertensão arterial.


Referência
Rolim LMC, Amaral SL, Monteiro HL. Hipertensão e Exercício: Custos do Tratamento Ambulatorial, Antes e Após a Adoção da Prática Regular e Orientada de Condicionamento Físico. Hipertensão 2007; 10(2):54-61.

Função Endotelial e Atividade Física em Adolescentes


Por Mauricio dos Santos

O endotélio é a camada mais íntima dos vasos sanguineos. A disfunção endotelial esta associada a eventos de aterosclerose, pois facilita a agregação plaquetária e inibi a produção de oxido nítrico. Uma das formas de avaliar a função endotelial sistêmica é por meio da dilatação fluxo mediado (em inglês, Flow-mediated dilatation – FMD) na artéria braquial. Redução do FMD está associada com eventos ateroscleróticos coronarianos e preditor de eventos cardiovascular.
Atividade física melhora a função endotelial não só por melhorar os perfis lipídicos, redução da glicose sanguinea, concentração de fibrinogênio, redução da pressão arterial, IMC e razão cintura/quadril. O mecanismo envolvido na melhora desta função está ligada diretamente ao aumento do fluxo sanguineo nos vasos, também chamado de shear stress, que estimula a cadeia de reações para produção de oxido nítrico, um potente vasodilatador. Porém, estes efeitos sempre foram avaliados com protocolos estabelecidos de exercício e não associado com atividade física de lazer.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi medir a associação entre AF de lazer com o FMD em adolescentes. O estudo foi conduzido na Universidade de Turku na Finlândia e contou com 483 (13 anos) adolescentes, sendo 230 meninas e 253 meninos do Special Turku Coronary Risk Factor Intevention Project For Children (STRIP). O nível de atividade física foi avaliado por um questionário auto-relatado em que freqüência, duração e intensidade da atividade física habitual eram citadas. A partir das respostas um índice de atividade física foi calculado e foram classificados em sedentários, moderadamente ativos e ativos. O FMD foi avaliado por um ultrason na artéria braquial e foi calculado o diâmetro da artéria. Para avaliar a função endotelial foi feita uma oclusão da artéria via esfignomamometro com duração de 4,5 min a 250 mmHg. O ultrason foi feito durante todo este período e 180 seg. após a liberação da obstrução. A partir deste momento foram associadas as respostas endoteliais com o nível de atividade física.
Os resultados indicaram que o diâmetro da artéria avaliada foi maior entre os ativos do que os classificados como sedentários, mas só foi encontrada esta relação entre os meninos. Outra resposta favorável foi o % de dilatação encontrada no ∆FMD mm; FMDmax% ; FMD60seg.% todos significativos e mais uma vez, só entre os meninos. Estes valores continuaram significativos mesmo quando ajustados por IMC, HDL, LDL, triglicerídeos, proteína c reativa e pressão arterial sistólica.
A provável explicação para que os resultados foram significativos somente entre os meninos é uma questão já conhecida entre nós: meninos são mais ativos do que as meninas. Além disto, o ciclo menstrual não foi avaliado e foi indicado como uma limitação do estudo.
Neste estudo, aproximadamente cada 50 MET h/sem. a mais correspondia a 1% de FMDmax. de diferença entre sedentários e ativos.
Conclusão: Atividade física de lazer foi diretamente associada com respostas de FMD em meninos com 13 anos de idade, o que prova o benefício da atividade física na camada endotelial.

Referência
Pahkala K et al. Vascular endothelial function and leisure-time activity in adolescents.Circulation 2008;118:2353-2359.

Felicidade e Mortalidade: Será que Existe Associação?


Por Mauricio dos Santos

A felicidade é algo que vivemos buscando para nossa vida, e de forma impírica avaliamos que pessoas mais felizes são mais saudáveis ou até podem viver mais que as que não são. Foi exatamente esta relação que este estudo enfatizou: Felicidade e Mortalidade: Será que existe associação?
Características psicológicas positivas podem ser benéficas para a saúde. Entretanto, informações prospectivas do efeito da felicidade na mortalidade são escassos.
Para medir esta associação foram avaliadas 861 pessoas entre 65-85 anos (homens e mulheres) do The Arnhem elderly Study da Holanda. Por meio do questionário Ducth Scale of Subjective wee-Being for Older Persons (SSWO) que é dividido em sub-escalas (saúde, auto-estima, contatos, moral e otimismo) foi mensurada a felicidade.
Depois de aplicado o questionário por 23 entrevistadores experientes as pessoas foram divididos em 3 grupos (Feliz, moderadamente feliz e infeliz). Utilizando o método Kaplam-Meier foi possível associar o risco de mortalidade por todas as causas com a felicidade. Foram ajustados como co-variáveis a idade, sexo, nível educacional, estado civil, tabagismo e classe social. Os resultados mostraram que a felicidade foi inversamente associada com a mortalidade 0,78 (IC 0,64-0,95) p tendência =0,01. No geral, as pessoas que foram classificadas com felizes tiveram uma taxa de 22% a menos de mortalidade quando comparado aos classificados como infelizes.
A atividade física por sinal teve um impacto na associação da felicidade em 40%, maior que idade (18%), número de doenças (14%) e tabagismo (4%) entre outros.
Os autores concluem que a felicidade prediz mortalidade, mas que pode ser particularmente mediada pela atividade física e morbidades.

Referência
KoopmanT A; Geleijnse JM; Zitman F G; GiltayEJ. Effects of Happiness on All-Cause Mortality During 15 Years of Follow-Up: The Arnhem Elderly StudyKoopmans TA et al. Journal Happines Study. 2009.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009




Exercício Emagrece?
Cuidados com as variáveis comportamentais.

Recentemente a revista “Isto é” estampou na capa uma matéria interessante: “quando o exercício não emagrece”, que faz sua análise baseada em uma pesquisa conduzida por Thimoty S. Church e colaboradores e publicada na revista científica PlosOne. Por um lado, para quem ler, mostra os perigos do comportamento dos indivíduos nos momentos em que não estão fazendo exercício. Por outro lado.....,para quem não ler, a matéria pode trazer muito conflito. Um exemplo desses aconteceu comigo, em que uma aluna veio me questionar sobre tal fato e, simplesmente me disse que malhar não adianta nada. Este é o retrato que muitos profissionais da saúde se deparam, principalmente profissionais de educação física e nutricionistas.
Eu pude ler a matéria, pela qual, cheguei ao artigo original. Agora vamos discutir um pouco os achados da pesquisa.
A pesquisa analisou 411 mulheres na pós menopausa, com média de idade de 57,3 anos, IMC de 31,7 kg/m² e 63% eram caucasianas. Todas participavam de um estudo denominado “The Dose-Response to Exercise in Postmenopausal Women (DREW)”, este estudo avalia as respostas de uma atividade física a 50%, 100% e 150% da recomendação para atividade física em mulheres sedentárias, com excesso de peso ou obesas. As 411 mulheres foram divididas em 4 grupos, sendo um controle, gasto energético de 4 Kcal/kg/Semana, 8 Kcal/kg/Semana e a 12 Kcal/kg/Semana. Estes valores de gasto energético foram calculados baseados na recomendação da atividade física publicada no Medicine Sports Science Exercise em 2004, em que Morss GM e colaboradores definiram o desenho do estudo do DREW. Para melhor compreensão, abaixo segue figura explicativa do gasto energético de acordo com o percentual da recomendação de saúde pública.


O objetivo deste estudo foi observar a diferença na perda de peso corporal e o efeito compensatório entre os diferentes gastos energéticos do exercício. O efeito compensatório foi analisado comparando a perda de peso conseguida e a predita. Foi exatamente esta analise que chamou atenção da reportagem da revista. O resultado mostrou que os 3 grupos reduziram o peso corporal, porém quando foi comparado a redução predita com a redução alcançada o grupo de 12 Kcal não obteve os resultados que deveriam alcançar, o que mostrou que exercícios com gasto calórico maior não foram eficientes. Tanto o grupo 4 e 8 Kcal alcançaram 136% e 112% do predito, enquanto o grupo 12 Kcal alcançou somente 53,3% do predito. A explicação para que o grupo com gasto de 12Kcal não foi possível alcançar a redução prevista, foi que essas pessoas acabam aumentando a ingestão calórica dos alimentos, uma vez que pensam que como fazem muita atividade física isto lhes dariam uma possibilidade de comer mais, o que na realidade não é o correto. Todos sabemos que para uma perda de peso corporal existe a necessidade de um balanço calórico negativo. Se não há mais gasto do que ingestão não haverá redução de peso. A participação da atividade física para redução da gordura corporal requer uma duração de 90 minutos por dia em 5 dias da semana, o que muitas vezes não ocorre. Outro fato que chamou atenção neste artigo, foi uma explicação do porque não ocorreu perda no grupo com maior gasto energético durante as sessões de atividade física. Indivíduos que praticam mais atividades físicas ficam mais cansados e acabam ficando mais parados no restante do dia.
Outro fator que já foi mostrado em outros estudos é a questão do substrato energético utilizado de acordo com a intensidade e duração da atividade física. VAN LOON et al (1999) – Journal Applied Physiology - já haviam demonstrado que quanto mais intenso a atividade, maior é a participação da via glicolítica. Sendo assim, podemos pensar que para perder gordura corporal a atividade deve ser moderada, o que corresponde a 60% da via dos ácidos graxos livres. Algumas pessoas podem questionar o efeito EPOC, sigla em inglês que significa: Excesso de Consumo de Oxigênio Pós-Exercício, que é mais pronunciado em atividades com intensidades mais altas. É verdade, porém este efeito dura no máximo 2 horas e alguns estudos apontam um valor de 18% de vantagem para atividades moderadas, o que no final das contas representa um gasto energético quase insignificante.
O maior objetivo do estudo DREW foi exatamente verificar a resposta compensatória nos diferentes níveis de atividades (4,8 e 12 Kcal). Os autores concluem que é preciso mais estudos para entender melhor o porquê ocorre este efeito compensatório e desenvolver estratégias para minimizar este efeito.
Portanto, quando for prescrever exercícios para redução da gordura corporal, busque analisar o comportamento dos indivíduos durante o dia inteiro, para que você possa alcançar os melhores resultados.

Ref.
CHURCH TS e cols. Changes in weight, waist circumference and compensatory responses with different doses of exercise among sedentary, overweight postmenopausal women. PlosOne. 2009; 4(2):e4515.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Se ficar com vontade de fumar, faça exercícios!!!


Por Prof. Mauricio dos Santos

O último dia 29 de agosto foi dedicado ao Dia de Combate ao Tabagismo no Brasil. Segundo dados de um inquérito domiciliar realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) em parceria com o Ministério da Saúde a prevalência de fumantes no Brasil variou de 12,9% a 25,2% (em homens 16,9% a 28,2% e em mulheres de 10% a 22,9%). Foram entrevistadas 23.457 pessoas, sendo 10.175 do sexo masculino e 13.282 do sexo feminino. Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e São Paulo lideraram o ranking com 25,2%, 21,5%, 20,4% e 19,9%, respectivamente.
São mais de 4,9 milhões de mortes anuais no mundo, o que corresponde a 10 mil mortes por dia. A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que estas mortes chegarão a 10 milhões em 2030 (WHO,2003).
Para nós brasileiros e em especial os paulistas, uma nova lei, sancionada pelo governador em exercício, José Serra, proibiu o fumo de cigarros e similares dentro de ambientes fechados em todo o estado de São Paulo (Lei 13.541/2009 de 7 de maio de 2009). Esta lei já existe em outros países como na França e agora outros estados como Rio de Janeiro estão no mesmo caminho. ÓTIMO!!!
Sabemos que em muitos casos o hábito de fumar não é apenas uma opção de um estilo de vida e sim uma dependência química. Nestes casos, o auxílio de terapias para inibir e abolir a ingestão das mais de 4.500 substâncias nocivas ao organismo se faz necessário. Alguns métodos utilizam medicamentos, terapias em grupo e outras não farmacológicas. É o caso do exercício físico que tem se tornado um excelente aliado para inibir este mau hábito.
Uma pesquisa realizada na Escola de Esportes e Ciências da Saúde da Universidade de Exeter, no Reino Unido e publicada no Psychopharmacology, identificou que o exercício aeróbico é um forte aliado para reduzir a vontade de fumar. Esta pesquisa avaliou 10 fumantes (6 homens e 4 mulheres), com idade entre 18-50 anos de idade e que fumavam pelo menos 10 cigarros por dia durante os 2 últimos anos. O método utilizado foi muito interessante, pois avaliou imagens do cérebro com ressonância magnética funcional depois de 15 horas de abstinência de nicotina. Para analisar as áreas onde tinham maior ativação, os pesquisadores mostraram 30 imagens com pessoas fumando ou com cigarros nas mãos e 30 imagens neutras para se pudesse ser localizado tais áreas. De acordo com a vontade de fumar os avaliados indicavam em uma escala de 1 a 7, sendo o 1 quase sem vontade e 7 com vontade ao extremo. O protocolo de exercício baseou-se em 2 minutos de aquecimento e 10 minutos em uma bicicleta estacionária (Monark). A intensidade do exercício foi controlado pela escala de Borg, em que a percepção subjetiva de esforço variasse entre 11 a 13 de uma escala de 6 a 20. e monitorado por um frequencímetro para uma Fc de 136 bpm. Os avaliados não tinham acesso aos valores de freqüência cardíaca.
Os resultados demonstraram que o exercício aeróbico foi capaz de reduzir os locais de ativação, sinalizado anteriormente quando estimulados por figuras de fumantes. Estes resultados foram fortalecidos quando na escala de vontade de fumar os valores também foram reduzidos, saindo de 4,8 no momento pré, para 3,10 pós-exercício. Os resultados foram confrontados com um grupo controle.

Os mecanismos encontrados para este feito permanecem obscuros, mas a hipótese primária foi que o exercício físico aeróbico é capaz de induzir a maior secreção de alguns neurotransmissores como a dopamina, que induz a uma maior sensação de relaxamento e isto diminuiria a vontade de fumar.
Portanto, se você tem algum amigo ou familiar que esta com vontade de fumar, convide-o para dar uma voltinha de bicicleta ou uma caminhada.

Uma pesquisa de peso.


Por Prof. Mauricio dos Santos

Caros amigos e amigas, tornaram-se rotina nos noticiários e nas revistas cientificas o aumento do excesso de peso e obesidade na população mundial. Os dados realmente são alarmantes, pois mais de 1 bilhão e 300 milhões de pessoas encontram-se neste estado (Scientific American, 2007). E agora, uma pesquisa publicada no Journal of Epidemiology Communith Heathy e conduzida pela pesquisadora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Rio de Janeiro, Roseli Gomes de Andrade e colaboradores, mostraram que no período de 10 anos, entre 1995 a 2005, ocorreu um aumento da prevalência de obesidade (IMC>30 kg/m²) entre as mulheres cariocas. Em 1995 a prevalência era de 16,6% e passou para 24% em 2005, um aumento de 29% neste período. A pesquisa avaliou 1000 mulheres com idade igual ou superior a 35 anos. Nesta mesma pesquisa, outro dado chamou atenção. A ingestão calórica também aumento passando de 2408 Kcal em 1995 para 2912 Kcal em 2005. Um aumento substancial de mais de 500 Kcal durante os 10 anos de intervalo, o que corresponde a 50 Kcal/ano. Se fossemos projetar estes valores chegaríamos em 2015 com uma ingestão calórica de 3412 Kcal, um valor acima do que foi estipulado em um estudo da Associação Internacional de Estudos da Obesidade (2003) quando analisou a ingestão alimentar na era paleolítica que chegava a 3000 Kcal diários. Este aumento da ingestão calórica entre as avaliadas foi por maior consumo de carboidratos. Um achado positivo nesta pesquisa foi que estas mesmas mulheres passaram a ingerir menor quantidade de alimentos ricos em colesterol. Esta redução entre 1995 e 2005 passou de 273 mg e 212, respectivamente.
Não obstante, como já sabemos, este maior consumo calórico aliado a uma vida sedentária são os principais eixos desta epidemia, ou melhor, pandemia. Pouco se tem feito para combater este problema de saúde pública. Um bom exemplo de incentivo ao estilo de vida ativa é o Programa Agita São Paulo que estimula a população a praticar pelo menos 30 minutos de atividade física em 5 dias da semana (se possível todos) com intensidade moderada de forma contínua ou acumulada. Este programa tem tido resultados positivos, pois a cada ano mais de 500 mil pessoas passam a caminhar e deixam o sedentarismo de lado. A recomendação para manter/reduzir peso corporal tem a mesma freqüência e modo, entretanto, a duração deve ser entre 60 – 90 minutos.
A obesidade deve ser combatida com intervenções públicas, sem dúvida, mas o maior papel é da sociedade como um todo. Vemos crianças também aumentando de peso a cada dia e alguns dias atrás, a UNIFESP, por meio da Disciplina de Nutrologia do Departamento de Pediatria, concluiu uma pesquisa com 270 pais de crianças que freqüentam berçários de creches públicas. O desfecho foi preocupante, pois 67% desses pais já tinham oferecidos alimentos industrializados antes mesmo do primeiro ano de vida da criança. Vejam que o estímulo à boa alimentação começa nos primeiros anos de vida, mas infelizmente parece que veremos um país de gordos, e pior, estimulados pelos próprios pais.
E agora para terminar.....uma pesquisa que mostra o desleixo com a saúde pública. Um artigo publicado no British Journal of Clinical Pharmacology e realizado no Reino Unido, concluiu que o número de medicamentos anti-obesidade prescritos para crianças aumentou em 15 vezes, repito 15 vezes no período entre 1999 e 2006. Pior ainda, é que estes medicamentos são de uso para adultos, o que traz maior preocupação.
As campanhas educativas e preventivas devem ser iniciadas o mais rápido possível, porque senão, daqui a poucos anos teremos uma sociedade tendo a longevidade de países de primeiro mundo, mas uma saúde tão debilitada quanto dos países africanos.
Vamos a luta!!!

Usain Bolt: Homem ou Máquina.


Por Prof. Mauricio dos Santos
O atletismo, pioneiro das modalidades esportivas, sempre nos atrai por mostrar qual é o limite do ser humano. Há tempos ficamos tentando entender como esses fantásticos atletas conseguem superar a cada ano uns aos outros. Muitos avanços ocorreram durante o século passado em que a nutrição, biomecânica, fisiologia, fisioterapia e muitas outras ciências contribuíram em muito para o aumento do desempenho dos atletas. Mas, até quando o homem responderá aos avanços das ciências? Ou melhor, qual é o limite do ser humano ou será que não tem? Claro que sim, mas qual?
Nas olimpíadas de Pequim, em agosto de 2008, o mundo parou e observou a facilidade que um homem ganhou os 100 metros rasos. O indivíduo brincou com os demais competidores (e não menosprezou), cravou 9s69 o mais novo recorde mundial . Alguns calcularam e chegaram a propor que poderia chegar aos 9s55 se não tivesse com os braços abertos e comemorado o ouro a 15 metros da chegada.
Na história dos 100 metros, prova mais fantástica das Olimpíadas, os recordes foram inicialmente quebrados por Don Linppicott em 6 de julho de 1912 com a marca de 10s6. Jim Hines foi o primeiro homem a baixar a marca dos 10 segundos, fazendo 9s95 em 1968. Até o final dos anos 90 as conquistas nesta competição foram, predominantemente, por parte dos norte americano. A Jamaica começou a dominar o cenário com Asafa Powell em 14 de junho de 2005 com a marca de 9s77. Os próximos 3 recordes mundiais iriam continuar com este jamaicano até surgir Usain Bolt o homem (ou a máquina) mais rápido do mundo. No dia 31 de maio de 2008 este fenômeno da velocidade quebrou o recorde de seu compatriota com 9s72. Até então um nome desconhecido da maioria de nós. Em agosto do mesmo ano ultrapassou o seu próprio tempo durante as Olimpíadas, em Pequim, marcando 9s69 com extrema folga.
Este feito foi realizado no dia 16 de agosto de 2008 e agora, exato um ano depois, este cidadão (se podemos chamá-lo assim) cravou 9s58 no dia 16 de agosto de 2009, desta fez durante o campeonato mundial de atletismo realizado em Berlim na Alemanha. A pergunta que não cala: Qual seria a reação de Adolph Hitler neste episódio, acho que ele iria considerar que somos todos iguais e faria questão de entregar e colocar a tão almejada medalha no peito de Usain e se bobear beijá-lo, SERIA INCRÍVEL.
No ano passado um estudo conduzido por Mark W.Denny, publicado no Journal Experimental of Biology, tentou identificar o quanto homens, cães e cavalos poderiam evoluir em termos de suas respectivas velocidades. Concluiu que cães e cavalos estão estagnados desde 1970, mas o homem ainda não atingiu sua velocidade máxima. Para o pesquisador o homem poderá chegar no máximo aos 9s48 nos 100 metros rasos. Opa...opa, acho que ele terá que refazer os cálculos porque do jeito que anda, quer dizer que corre, para este jamaicano 0s1 décimo de segundo vai ser moleza. Neste artigo ele ainda faz menção a outras distâncias percorridas por homens e mulheres. Porém, o matemático holandês John Einmahl, da Universidade de Tilburgo segere que os 100 metros serão realizados com a marca de 9s29 no máximo, sua explicação baseia-se na teoria “valores extremos” muito utilizada por seguradoras para estimar riscos de catástrofe naturais.
Usain Bolt tem 3 das 10 melhores marcas de todos os tempos nesta competição, este é um fenômeno realmente, nenhum outro atleta conseguiu tal feito. Só para se ter uma idéia, Carl Lewins tem a décima melhor marca. Destas 10 melhores marcas as duas primeiras são do jamaicano, seguido por Tayson Gay em terceiro, Opa, aí volta pra Bolt, e Asafa Powel em quinto.
Alguns pesquisadores tentam buscar algumas explicações para o melhor desempenho dos atletas. Jordan W Charles e Adrian Bejan pesquisaram que o tamanho dos atletas tem influenciado os resultados nas competições. Nos 100 metros, por exemplo, o atleta Eddie Tolan bateu o record mundial em 1929 com 10s4 tinha uma estatura de 1m70cm e pesava 65,8 kg. Usain Bolt tem 1m96cm e pesa 86 kg, isto significa um aumento de 26cm na estatura, sendo que a média de aumento entre a população foi de 4,82 cm desde 1900. Obviamente, não é a única explicação, mas sugere que os campeões serão aqueles mais altos, favorecidos pelas dimensões corporais e com muita explosão muscular.
Enfim, aguardamos o próximo feito deste homem que provavelmente chegará ou ultrapassará o limite de velocidade da raça humana, é algo impressionante.