quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O Homem em sua “velocidade máxima”.


Por Mauricio dos Santos
Celafiscs – Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul
Programa Agita São Paulo



Há pouco tempo nos deparamos com um fenômeno da velocidade: Usain Bolt com sua marca de 9 segundos e 58 centésimos. Ele não só surpreendeu os especialistas e treinadores, mas como Mark W. Denny que em 2008, em um artigo que mostrava a tendência de velocidade do cachorro, do cavalo e do homem, concluiu que o record mundial dos 100 metros rasos chegaria no máximo à marca de 9 segundos e 48 centesimos. Como o mundo todo viu a forma que Bolt passou pela faixa final não será difícil chegar nesta marca.
Agora uma nova pesquisa trás a tona o “potencial” de velocidade que um humano pode correr. Acreditem, entre 50 km/h e 60 km/h. A pesquisa publicada no Journal of Applied Physiology de janeiro de 2010 utilizou modelos matemáticos para chegar a estes números. De forma geral, os pesquisadores obtiveram a força aplicada em um salto com uma das pernas em uma esteira que permitia quantificar a força aplicada no piso e comparou com a força aplicada da perna durante uma corrida na mesma esteira.
Segundo o autor, Peter G. Weyand, do Laboratório de Performance Locomotora do Departamento de Fisiologia Aplicada da Southern Methodist University em Dallas, nos Estados Unidos, a força aplicada no salto é mais de um terço maior à aplicada durante a corrida. A explicação ainda leva em consideração o tempo de contato com o solo que permitiria uma maior aplicação de força e isto não ocorre com a corrida. Se o homem conseguisse aplicar esta força nas passadas das corridas poderia atingir uma velocidade maior. O próprio Weyand PG (2000) já havia demonstrado em um estudo anterior que as maiores velocidades máximas são obtidas pelos atletas capazes de produzir maiores forças de reação ao solo. Portanto, como o Prof. Nélio Alfano Moura mostrou e disse no último Simpósio Internacional de Ciências do Esporte, do Celafiscs: “O melhor velocista não é o mais “rápido”, e sim o mais forte!”. Não é a toa que ele é o único técnico bicampeão olímpico em uma mesma Olimpíada.
Os autores ainda fazem uma série de ajustes matemáticos e comparações com outros animais. Vale a pena ler. É um artigo um pouco extenso, mas rico de informações biomecânicas.
Agora meus amigos e amigas, já podem pensar em ir para o povoado de Kampung Komodo, que fica na Indonésia na costa oriental da Ilha, ou simplesmente Ilha de Cômodo, uma das mais de 13.677 ilhas do arquipélago. Lá podemos disputar uma corridinha com o Dragão de Cômodo (científico: Varanus Komodencis, descoberto em 1910), a maior espécie de lagarto que mede cerca de 3 metros de comprimento, pesa cerca de 150 a 230 kilos pode comer crianças e tem relatos que devorou adulto, têm na saliva bactérias letais e alcança uma velocidade até de 20 km/h. O problema é que ele mantém esta velocidade por até 4 horas. Aí precisaremos de outros estudos para ver quanto tempo poderíamos resistir à velocidade proposta pelos autores deste estudo.

Referência
Weyand PG; Sandell RF; Prime DN.L; Bundle MW. The biological limits to running speed are imposed from the ground up. Journa Applied Physiology.2010; doi:10.1152.


Conheça o Dragão de Cômodo
http://www.achetudoeregiao.com.br/animais/videos/dragao_komodo.swf

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Percepção de Segurança do Ambiente e Atividade Física



Por Mauricio dos Santos
Celafiscs – Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul.
Programa Agita São Paulo


Entender como a vizinhança percebe o ambiente e o que este proporciona pra ser mais ativo ou não vem ganhando espaço em vários periódicos científicos.
A pergunta que não quer calar: porque algumas pessoas são mais ativas do que outras? A resposta pode estar associada à percepção que esta pessoa tem em relação ao ambiente em que vive. Questões ligadas ao ambiente construído e social podem fazer a diferença. Não obstante, a segurança local e a criminalidade podem interferir neste contexto.
Para ajudar melhor compreender esta situação, Gary G. Bennett e colaboradores publicaram uma pesquisa em que relacionaram a percepção de segurança e o nível de atividade física de indivíduos que moravam na periferia.
A amostra foi composta por 1.180 indivíduos, maiores de 18 anos, que moravam em 12 áreas da região metropolitana de Boston. O nível de atividade física foi avaliado por meio de pedômetro por cinco dias consecutivos, além de obterem a percepção de segurança do ambiente para praticarem atividades físicas na vizinhança.
Quando analisado as informações, os autores observaram que a maioria reportou sentir-se seguro em caminhar durante o dia. Entretanto, somente 36% da amostra reportaram sentir-se seguro para praticar atividades físicas durante a noite.
Os autores não encontraram associação entre a percepção de segurança e o nível de atividade física entre os homens e mulheres. No período noturno também não ocorreu associação para homens. Entre as mulheres que reportaram maior insegurança de praticar atividades físicas durante a noite os números de passos foram menores estatisticamente (p=0,01) quando comparada com as mulheres que reportaram segurança, sendo 4.302 versus 5.178 passos, respectivamente.
A conclusão: residir em ambientes que não ofereçam segurança durante a noite pode ser considerado como uma barreira para pratica de atividade física, especialmente entre as mulheres que vivem em localidades periféricas.
Estes achados demonstram que as políticas de promoção da saúde têm um complexo caminho a percorrer, já que além do ambiente construído, os cuidados com a segurança pública devem ser levados em consideração para aproveitar ao máximo estas áreas e aumentarem os níveis de atividade física da população.

Ref.:
Bennett GG; McNeill LH; Wolin KY; Duncan DT; Puleo E; Emmons KM. Safe To Walk? Neighborhood Safety and Physical Activity Among Public Housing Residents. PLoS Medicine. 2007; 4(10):1599-1607.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Estágio no Celafiscs


Convido a todos para que venham conhecer o Celafiscs e participar do grupo de estagiários de 2010. O Celafiscs com mais de 35 anos de existência tem se destacado tanto no âmbito nacional como internacional na área de ciências do esporte e da atividade física. Além disso, contribuiu na formação de grandes nomes da área no cenário nacional.

Venha fazer parte da Elite Intelectual das Ciências do Esporte no Brasil, abaixo encontrará dez (10) motivos para você vir fazer estágio no CELAFISCS. O Estagio de Formação Básica de Pesquisador em Ciências do Esporte te dará oportunidade em apenas 10 meses de:


1. Participações em dois dos maiores Projetos Longitudinais da América Latina: *Projeto Longitudinal de Crescimento e Desenvolvimento de Ilha Bela projeto existente há 32 Anos
*Projeto Longitudinal de Envelhecimento de São Caetano do Sul de 12 anos
Participação com publicação e apresentação de trabalho no maior evento cientifica internacional do território brasileiro Simpósio Internacional de Ciências do Esporte.

2. Noções teóricas e praticas de análise estatística de dados através de pacotes estatísticos: Epinfo, SPSS 15.09, entre outros.

3. Publicação de Artigo Cientifico original como conclusão do estágio em Revista Científica Indexada.


4. A possibilidade de organização técnica e cientifica de Cursos e Eventos Científicos, tendo a especial condição de participar dos mesmos.


5. Possibilidade de participação na Reunião anual do AMERICAN COLLEG OF SPORT MEDICINE, congresso desta instituição, considerado no meio acadêmico internacional um dos maiores encontros científicos da medicina esportiva no mundo.


6. Participação em Mega Eventos em Comemoração ao Dia Mundial de Atividade Física, numa privilegiada condição de membro da equipe organizadora do evento.

7. Atualização Cientifica e aquisição de conceitos através de Estudos Científicos Clássicos e Artigos de recém publicados nos mais importantes periódicos científicos da área no âmbito internacional.
8. Orientação de procedimentos científicos semanais com temas atuais como: *Busca de artigos em base de dados internacionais

9. Metodologia da Pesquisa incluindo procedimentos para garantir os critérios de cientificidade de uma pesquisa: validade, objetividade, reprodutibilidade.

10. Como escrever um bom artigo Introdução – Objetivo – Materiais e Métodos – Resultados – Discussão – Conclusão e citações e referências.


Tudo isso a 100 metros da Estação de Trem de São Caetano do Sul pela Linha 10 Rubi da CPTM 12 mim da estação Luz ou 10 min da Estação Brás descendo do Lado esquerdo sentido Rua Perrelas atravessar Rua 24 horas esquerda dentro da Unidade de Saúde Samuel Klein, Rua Heloisa Pamplona 269 sala 31 SCS.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Recursos Ambientais para Atividade Física e Incidência de Diabetes Tipo 2


Por Mauricio dos Santos

Reconhecidamente ambientes saudáveis levam a população ao redor desta área a terem hábitos saudáveis. Estudos científicos têm mostrado esta relação com a prática de atividade física, por exemplo. Não obstante, indivíduos que apresentam estilo de vida ativo tem menor chance de morte prematura por todas as causas quando comparados com indivíduos sedentários. Além disso, pessoas engajadas em práticas de atividade física podem retardar em até 14 anos o surgimento do Diabetes Tipo 2.
Poucos estudos longitudinais tem focado a relação de um ambiente favorável à prática de atividade física e alimentação saudável com a incidência do Diabetes Tipo 2. Na tentativa de preencher esta lacuna, pesquisadores do Estudo Multi-étnico de Aterosclerose conduziram um estudo para observar esta relação. A hipótese levantada foi que a presença de um ambiente favorável para atividade física e alimentação saudável apresentaria menor risco de diabetes tipo 2.
Para esta pesquisa foi investigado 2.285 participantes com idade entre 45 a 84 anos, que foram acompanhados por 4.8 anos. Durante este período 233 novos casos de Diabetes surgiram que foi definida como glicemia de jejum maior que 126 mg/dL e tomando algum medicamento hipoglicêmico.
Com relação às características do ambiente para a prática da atividade física foi perguntado se na vizinhança os moradores tinham local para prática de esportes, clubes, se era agradável caminhar pelo bairro, se vê pessoas caminhando, jogando, pedalando e outras atividades pelo bairro. Para a relação do ambiente com alimentação saudável foi investigado se na vizinhança existe fácil acesso às frutas e verduras, produtos com baixo teor de gordura e quanto à qualidade destes alimentos.
O desfecho da pesquisa foi ao encontro da hipótese formulada, isto é, em ambientes com melhores recursos para prática de atividade física e boa alimentação a incidência de Diabetes Tipo 2 foi 38% menor que em vizinhança sem estas características. Para os mais atentos aos resultados estatísticos, o hazard ratio correspondeu a 0,62 (IC 0.43-0.88). Esses valores foram ajustados pela idade, sexo, histórico familiar de diabetes, raça, etnia, renda, nível educacional, álcool e tabagismo. Os valores continuaram significativos quando foram adicionados outros fatores que poderiam interferir nos resultados como: fatores da dieta, nível de atividade física e IMC.
Portanto, buscar e deixar um ambiente saudável não vale apenas para combatermos o aquecimento global serve também, para reduzirmos a incidência desta doença que a cada dia vem ganhando espaço no ranking das campeãs, infelizmente.

Fonte de pesquisa:
Amy H. Auchincloss, Ana V. Diez Roux, Mahasin S. Mujahad, Mingwu Shen, Alain G. Bertoni e Mercedes R. Carnethon. Neighborhood Resources for Physical Activity and Healthy Foods and Incidence of Type 2 Diabetes Mellitus. Archives internal Medicine. 2009; 169(18):1698-1704.