sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Caminhada com oclusão do fluxo sanguíneo aumenta o consumo de oxigênio em atletas.

Por Prof. Mauricio dos Santos
CELAFISCS – Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul
Departamento de Neurociência e Comportamento - Instituto de Psiquiatria da USP


Realmente algo de especial tem no treinamento com oclusão do fluxo sanguíneo. Anteriormente, um estudo já havia encontrado que a caminhada tinha sido capaz de aumentar a área de secção transversa e o consumo de oxigênio em indivíduos saudáveis. Agora, foi encontrado que uma caminhada na esteira com baixa intensidade (4-6 km/h) foi capaz de interferir positivamente no consumo máximo de oxigênio.
O estudo foi conduzido por Saejong Park et al e publicado na European Journal Applied Physiology. Os pesquisadores recrutaram os campeões universitários de basquetebol da Corea para o estudo. Quatorze atletas foram submetidos aos testes de consumo máximo de oxigênio (medida direta), potência anaeróbica (wingate), de força muscular (isocinético) e parâmetros hemodinâmicos (cardiografia por impedância). Eles foram divididos em dois grupos: um realizando caminhada com oclusão e o outro sem oclusão.
O protocolo experimental foi realizado com cinco séries de três minutos de caminhada a 4 km/h e inclinação da esteira a 5% por um minuto de pausa entre as séries. Foram realizadas duas sessões de treino por dia com intervalo de pelo menos quatro horas. A freqüência semanal foi de seis dias e o período total do experimento de duas semanas. A média de tempo gasto em cada sessão foi de 22 minutos. A pressão utilizada para exercer a oclusão ficou entre 160-230 mmHg e foi feita por meio de um aparelho específico para este fim (KAATSU training).
Após as 24 sessões de treino os atletas que realizaram a caminhada sem oclusão do fluxo sanguíneo não melhoraram em nenhuma das variáveis analisadas. No entanto, o grupo com oclusão aumentou o consumo máximo de oxigênio em 11,6% (48.9 para 54,5 ml/kg/min.). Outro achado foi o aumento da VEmáx. L/min em 10,6% (135,9 para 149,6). Já para a potência anaeróbica o aumento observado no grupo com oclusão foi de 2,5% (p=0,038) e o grupo sem oclusão reduziu em 5,3%. Para a variável de força muscular nenhum dos grupos apresentou valores significantes em relação ao momento pré-intervenção.
Os parâmetros hemodinâmicos só foram mensurados no grupo com oclusão sanguínea e foi encontrado um aumento do volume sistólico de 21,4% e freqüência cardíaca em 13%. Para o débito cardíaco não houve diferença do momento pré-intervenção.
O principal achado deste estudo foi que a caminhada com baixa intensidade com oclusão do fluxo sanguíneo foi capaz de aumentar o consumo máximo de oxigênio em atletas. Sabemos que em atletas a intensidade para se alcançar melhora nesta variável fica entre 80-100% do VO2máx e o resultado obtido nesta pesquisa realmente surpreende.
Ainda há muito que avançar nas pesquisas que avaliam o efeito do KAATSU training para entender melhor as respostas fisiológicas e morfológicas que são observadas, principalmente no que diz respeito à potência aeróbica. Contudo, alguns indícios estão sendo explorado e até o momento é o que explica os ajustes observados nas pesquisas. Entretanto, deixamos para outro momento.

Referência.
Park S; Kim JK; Choi HM; Kim HG; Beekley M; Nho H. Increase in maximal oxygen uptake following 2-week walk training with blood flow occlusion in athletes. Eur.J.Appl.Physiology.2010;109:591-600.

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