sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Como o meio de transporte pode ajudar a combater o excesso de peso e a obesidade.


Por Prof. Mauricio dos Santos

Esta foi a inquietação do pesquisador Martin Lindstrom do Departamento de Ciências Clínicas da Universidade de Lund, na Suécia e publicada na conceituada Preventive Medicine em 2008.
A redução da atividade física no ambiente de trabalho nas últimas décadas tem contribuído para o aumento da gordura corporal. Estratégias para que o balanço energético seja equilibrado são necessárias e entre elas a forma de transporte ativo deve ser estimulada.
A utilização de carros particulares como meio de transporte para o trabalho é a forma dominante na maioria dos países do mundo, principalmente entre os desenvolvidos e em desenvolvimento. Ainda, muitas pessoas se tornam dependentes dos carros para ir à escola, shopping, mercados e outras áreas. Quem não conhece alguém que para ir à padaria comprar um pãozinho não abre mão de utilizar o carro ou a moto. Muitas vezes o tempo gasto para tirar o veiculo da garagem e encontrar um local para estacionar é muito maior que se o indivíduo fosse a pé. Contudo, pesquisas têm sugerido que em locais onde a utilização de carros, como meio de transporte, é dominante existe maior prevalência de obesidade (CRAIG et al, 2002).
O objetivo deste estudo foi investigar a associação entre o meio de transporte para o trabalho, excesso de peso (IMC >25 <> 30)
Um total de 47.621 pessoas recebeu, via correio, um questionário com perguntas relacionadas ao meio de transporte utilizado e variáveis demográficas. Desses, 16.705 indivíduos foram inclusos no estudo e contatados via telefone.
As variáveis peso e altura foram auto-referido e então o IMC foi calculado. Outras variáveis como idade, país de origem, nível educacional, tipo de transporte e tempo gasto com transporte foram inclusas na pesquisa.
Os resultados indicaram que 0,5% dos homens e 1,8% das mulheres estavam abaixo do peso. Dentro dos valores normais 41,9% dos homens e 61,3% das mulheres se encaixavam nesta faixa. Em relação ao excesso de peso e obesidade entre os homens, os percentuais foram de 46,0% e 11,6%, respectivamente. Já nas mulheres, excesso de peso correspondia a 26,6% e a obesidade a 10,3%.
A pesquisa revelou ainda que 38,8% dos homens gastavam menos de 15 minutos para chegar ao trabalho. Entre as mulheres os valores ficaram em 41,8%. Apenas 18,2% dos homens e 25,9% das mulheres utilizavam a caminhada ou bicicleta como meio de transporte para o trabalho. 10,4% e 16,2% utilizavam o transporte público como meio de transporte entre homens e mulheres, respectivamente. A maioria dos pesquisados utilizavam o carro como meio de transporte para ir para o trabalho todos os dias. Os valores chegaram a 68,3% dos homens e 55,8% das mulheres.
O autor buscou analisar o Odds Ratio para excesso de peso e obesidade de acordo com o meio de transporte. Utilizou-se o carro como sendo o ponto de partida (referência). Para excesso de peso ir caminhando ou de bicicleta para o trabalho identificou de 0,65 (IC 0.58-0.73) para homens e 0,79 (IC 0.66-0.94) para mulheres. Para o transporte público de 0,58 (IC 0.50-0.68) entre os homens e 0.96 (IC 0.85-1.08) para mulheres e outras formas de transporte com 0,85 (IC 0.66-1.10) e 0.98 (IC 0.73-1.32) para homens e mulheres, respectivamente. Com relação à obesidade os valores encontrados entre homens e mulheres foram os seguintes: 0,77 (IC 0.63-0.93) e 0,79 (IC0.66-0.94) para caminhada/bicicleta, 0,56 (IC 0.43-0.74) e 1,09 (IC0.90-1.31) para o transporte público e 0,83 (IC 0.56-1.24) e 1,31(IC0.87-1.99)para outras formas de transporte, respectivamente.
Quando o Odds Ratio foi ajustado pela idade, país de origem, nível educacional e tempo gasto com transporte somente caminhada/bicicleta 0,69 (IC0.60-0.79) e transporte publico 0,72 (IC0.61-0.86) permaneceram estatisticamente significativos, isto para excesso de peso em homens. Quanto à obesidade somente transporte publico, após o ajuste, permaneceu significativo com 0.81 (IC0.51-0.95) também para homens.
Nas mulheres para excesso de peso e obesidade, apenas caminhada/bicicleta foram significativos após ajustado pelas variareis já citadas com 0,80 (IC0.70-0.91) e 0,81 (IC0.66-0.99), respectivamente.
O autor conclui que particularmente caminhada e bicicleta como meio de transporte para o trabalho estão associados negativamente ao excesso de peso e a obesidade.
Portanto, caros amigos e amigas, se você tiver a oportunidade de deslocar-se para o trabalho de forma ativa faça-o, assim sua saúde o agradecerá.

Ref.
Lindstrom, M. Means of transportation to work and overweight and obesity: A population-based study in southern Sweden. Preventive Medicine. 2008;46: 22-28.

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