segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Percepção de Segurança do Ambiente e Atividade Física



Por Mauricio dos Santos
Celafiscs – Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul.
Programa Agita São Paulo


Entender como a vizinhança percebe o ambiente e o que este proporciona pra ser mais ativo ou não vem ganhando espaço em vários periódicos científicos.
A pergunta que não quer calar: porque algumas pessoas são mais ativas do que outras? A resposta pode estar associada à percepção que esta pessoa tem em relação ao ambiente em que vive. Questões ligadas ao ambiente construído e social podem fazer a diferença. Não obstante, a segurança local e a criminalidade podem interferir neste contexto.
Para ajudar melhor compreender esta situação, Gary G. Bennett e colaboradores publicaram uma pesquisa em que relacionaram a percepção de segurança e o nível de atividade física de indivíduos que moravam na periferia.
A amostra foi composta por 1.180 indivíduos, maiores de 18 anos, que moravam em 12 áreas da região metropolitana de Boston. O nível de atividade física foi avaliado por meio de pedômetro por cinco dias consecutivos, além de obterem a percepção de segurança do ambiente para praticarem atividades físicas na vizinhança.
Quando analisado as informações, os autores observaram que a maioria reportou sentir-se seguro em caminhar durante o dia. Entretanto, somente 36% da amostra reportaram sentir-se seguro para praticar atividades físicas durante a noite.
Os autores não encontraram associação entre a percepção de segurança e o nível de atividade física entre os homens e mulheres. No período noturno também não ocorreu associação para homens. Entre as mulheres que reportaram maior insegurança de praticar atividades físicas durante a noite os números de passos foram menores estatisticamente (p=0,01) quando comparada com as mulheres que reportaram segurança, sendo 4.302 versus 5.178 passos, respectivamente.
A conclusão: residir em ambientes que não ofereçam segurança durante a noite pode ser considerado como uma barreira para pratica de atividade física, especialmente entre as mulheres que vivem em localidades periféricas.
Estes achados demonstram que as políticas de promoção da saúde têm um complexo caminho a percorrer, já que além do ambiente construído, os cuidados com a segurança pública devem ser levados em consideração para aproveitar ao máximo estas áreas e aumentarem os níveis de atividade física da população.

Ref.:
Bennett GG; McNeill LH; Wolin KY; Duncan DT; Puleo E; Emmons KM. Safe To Walk? Neighborhood Safety and Physical Activity Among Public Housing Residents. PLoS Medicine. 2007; 4(10):1599-1607.

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